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Penitentes

Penitentes 15 de Abril 2011 as 24 H0ras


"No cortejo dos penitentes Os sacerdotes de austera vidaVão contentes e muito enfeitadosSob as cinzas dos Sacrificados..."Fausto Bordalo Dias



"Óh meu bom Jesus,Pelos tormentos que passasteis na Cruz,Tende misericórdia das Almas!"E, em voz grave, com o mesmo tom soturno, os Penitentes respondem secamente em unissono:"E de nós... E de nós!!!"Açoita-se três vezes o Penitente com látego, que leva uma pele de ovelha no ombro, e segue a procissão.


Tudo isto, hoje, não passa de uma representação, ainda que com toda a sua simbologia.


Mas quais as origens de tal manifestação?Na Idade Média, as penitências e romarias religiosas começaram a ganhar peso, sob a influência da Igreja Católica, que incentivava os fiéis para tais práticas, no intuito de purificar a alma dos pecados.


Aproveitando a oportunidade de purificação, os homens auto-flagelar-se-iam na Procissão dos Penitentes, na ânsia de reproduzir e sentir o sofrimento de Cristo.No entanto, a auto-flagelação é um acto pagão, tendo sido sempre condenada pela Igreja Católica e, por isso, a Procissão dos Penitentes terá provavelmente origem pagã.


A ausência de pároco na formação da procissão também poderá demonstrar esta hipótese. Deste modo, há quem acredite que a cerimónia poderia servir de prece dirigida a Deus nos tempos de Peste Negra, julgando-se ser este um castigo dos Céus.


Há também quem fale em leprosos e tuberculosos refugiados nos montes da nossa região, que só desciam em procissão à Vila, envoltos em lençóis brancos, quando a população já descansava, procurando o perdão de Deus pelos pecados que teriam cometido, dando origem à doença.


A "relha" (ferro do arado) que um dos homens arrasta pelas pedras da calçada serviria para avisar a chegada dos Penitentes.


De qualquer modo, numa mistura de fé e arrebatamento, de transcendência e misticismo, a Procissão dos Penitentes é uma cerimónia trágica e impressionante, que chega, segundo alguns, a "arrepiar a espinha", que se irá manter, com toda a certeza, nas tradições do Paul, por várias décadas!

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